
Ser
“desigrejado” não é o mesmo que ser “desviado”. O desviado seria aquele
que não apenas deixou a igreja, mas afastou-se do próprio Cristo,
voltando às práticas pecaminosas que antes dominavam sua vida.
Já o desigrejado não pretende afastar-se de Cristo, nem de Seus ensinamentos, mas tão-somente da máquina eclesiástica.
Solidarizo-me com os milhões de desigrejados espalhados em nosso País, ainda que eu mesmo não me considere propriamente um.
Embora
seja bispo de uma igreja sediada no Brasil, tenho experimentado um
pouco da sensação de ser desigrejado durante meu exílio aqui nos Estados
Unidos. Não deixei de pregar para nossa igreja, ainda que via Skype com
freqüência semanal. Até a Ceia tenho celebrado com minha família, com
transmissão ao vivo para o Brasil. Nosso povo lá, e nós aqui, todos ao
redor da Mesa do Senhor. Embora unidos no espírito, temos estado
separados fisicamente por mais de um ano. Temos saudade do calor humano,
do cheiro de gente, das atividades da igreja, etc.
Creio
que esta sensação de exílio tem sido sentida por muitos desigrejados.
No meu caso, devido à distância geográfica. Mas para muitos, deve-se a
outros fatores, tais como, discordância doutrinária, não conformismo com
a maneira em que a igreja tem sido conduzida, etc.
Os
blogs apololéticos têm servido de púlpito para muitos desses cristãos
autênticos, que decidiram não se dobrar ao espírito de Mamom. Eles se
alimentam do que neles têm sido postados diariamente.
Infelizmente,
não dá para dizer o mesmo da maioria dos programas evangélicos
veiculados nos canais de TV ou em emissoras de rádio, onde a marca
registrada é o proselitismo descarado.
Fenômeno
semelhante ocorreu durante os dias da igreja primitiva. Houve um êxodo
de cristãos que abandonaram o templo em Jerusalém e as sinagogas
espalhadas pelo império, para servir a Deus em suas próprias casas.
Santuários cristãos só surgiriam séculos depois com a paganização do
cristianismo.
Os desigrejados não
estão abandonando a Igreja, como geralmente se alega, e sim as
estruturas denominacionais que se arrogam o direito de se intitular
“igreja”. A Igreja de Cristo não é e nunca foi presbiteriana, batista,
metodista, pentecostal, episcopal ou coisa parecida. Tais termos
designam estruturas eclesiásticas. Isso inclui a denominação que
presido. Muitíssimas vezes tenho declarado em nossos cultos: O Reino é
muito maior que a REINA (nome de nossa denominação). O problema é que
estamos mais preocupados em preservar os odres do que o vinho.
As
estruturas denominacionais servem como andaimes usados na construção da
genuína Igreja. Depois que esta estiver pronta, de nada servirão
aquelas. Foram feitas pra acabar.
Meu
conselho aos desigrejados é que busquem unir-se para cultuar a Deus e
dar testemunho do Seu amor. Seu desânimo para com as instituições é
justo. Mas não permitam que isso lhes afaste da prática do primeiro
amor.
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